sexta-feira, março 25, 2016

não há

lavando louças sujas
leveza da sujeira
desfeita
leveza de obrigar-se
quebrou-se

em casa de estranhos
estranho maior sou eu
se ainda fui um dia
se de algum lugar fui

me passam passados
inexistentes, inventados
quero partir
mais uma vez

me perco pensando
se há territórios seguros
ou se o terreno é lodo
se afunda como caixão

entre quatro paredes
pretendo o estranho
que ainda sou
ter sido sempre

um mundo sem territórios
não há casa, será?
ama-se, casa-se
na casa, no amor

enquanto pouco amo
muito pouca casa
e só estranho
então estranho

virada que faz fugir
pula janelas
não olha atrás
mira-se

e se não há casas
há caminhos
há estranhos
hámores

e se casa, de novo

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