terça-feira, abril 05, 2016

homentira

esvazio forças
por amar homens
doutrinados pelo Estado

pobre sexualidade
mitificada nos dons do poder
sôfregos sem existência

sentimentos, seriam o quê?
perplexos encontros de amor
ou reproduções?

sinto vir a admiração
desejos de carne
avançando sob olhares

ainda na ingenuidade
questiono inteligências
e presos de espírito

fazendo palavras se perderem
explodo-me no canhão de Eros
minha Vênus maldita, sacrificada

divago vagas soluções
se a pobre sexualidade
dilacera o feminino

frágeis demais
assumindo fraquezas
como se medos e burrices

hasteio bandeiras-sangue
de tantos mortos
pela impostura do afeto

se preferem Áries
guerreiem sozinhos
me abstive no mar

e de lá me levanto
ao lado das deusas
carrego mães, naturezas

não me toquem
não me ataquem
não confundam fazeres

engravidei-me
segui o pontilhado céu da noite
pari na solidão das musas

a derradeira existência
foge dos cegos em guerra
e na água se banha
do afeto que falta

afeto
afalta

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