terça-feira, agosto 09, 2016

canto

faço sons
graves sons
eu, grave

ao que te parecem
talvez sussurros
ao que não incomodo
talvez melancolia
às melodias possíveis
talvez inaudíveis

grave
sustenta
agudo?
ou enfeita?

pois não penso
no mais importante.
penso apenas
nos esconderijos
da minha voz

onde vou
com tamanho corpo
ambulantes ventos
ouçam-me

trechos tímidos
da sinfonia inacabada
como imagens duma vida
em pedaços isolados

o grave
poucos ouvem
alguns sentem
mas quase ninguém
se alarde

e é nos esconderijos
de alma e da flora
que a voz sangrenta
transborda desejos

chamo grave
ouço grave
grave idade
que passa
e me leva
deixando passar
quem me espera

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