terça-feira, abril 07, 2020

boa praça

o lado mais podre
aquele disfarçado
por teus feitos
se esquece de si
abraçado em vós

referências pop
ora mais atualizadas
do que outras
garantem o zeitgeist
do espetáculo moderno

quando nada parece
te ameaçar e eu
perturbada
em reflexos sem audição
atiro minhas tralhas ao sol
pedindo aos ceús
que queimem longe
como panfletos velhos
no chão aberto

afundam rasgados
sem direito ao sentido
ali sei, onde piso
restos de papel sem cola
não grudam em sapatos
são brasa nova
e machucam os pés

já não corro
nem contemplo o chão
temo pelo ponto cego
onde em qualquer pedra
que fora fogo
encaro tua aparência
menos comigo

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